Os planos de estudo em saúde mais inovadores são os desenhados com integração curricular de um mapa de competências que incorpora, desde cedo, práticas profissionais supervisionadas e trabalho em equipa de forma interdisciplinar. Tal acontece, porque a contribuição para o bem-estar e qualidade de vida do ser humano é um conceito único e não isolado.
A orientação curricular por competências permite preparar os futuros profissionais de saúde para a prática profissional num ambiente em constante mudança e atualização. Para tal, não só é necessário ter conhecimentos, mas também aptidões e atitudes que se desenvolvem em todas as fases da formação profissional, sendo depois aperfeiçoadas ao longo da vida profissional, em oportunidades de aprendizagem formal (residências, mestrados e doutoramentos) ou informal.
Estas aptidões incluem, não só competências clínicas e de comunicação, mas também a capacidade de pensar de forma crítica, de pesquisar e de selecionar informações, bem como de desenvolver um método pessoal de estudo e de aprendizagem.
Para este modelo educativo, considera-se a definição de competência como “o uso habitual e criterioso da comunicação, conhecimento, competências técnicas, raciocínio clínico, emoções, valores e reflexão na prática quotidiana para benefício próprio indivíduo e da comunidade atendida” (Epstein e Hundert, 2002).
O conceito de currículo baseado em competências exige estratégias de aprendizagem para o desenvolvimento das aptidões necessárias para o exercício profissional, em vez da aquisição de uma ampla base de conhecimento pré-fabricado. Por conseguinte, as competências profissionais necessárias para os profissionais de saúde são definidas com base nas necessidades de saúde da população e nas características do sistema de saúde local. É a partir desta definição que se constroem os planos de estudos, estratégias e as melhores ferramentas para o desenvolvimento das aptidões que cada um desses profissionais de saúde tem.
O desenvolvimento de competências profissionais não é apenas desenvolvido e treinado em ambientes controlados, tais como laboratórios de simulação clínica. Neste desenvolvimento, a participação de instituições externas e profissionais de saúde que colaboram com a universidade na formação dos estudantes representa um grande desafio. Só com importantes acordos institucionais poderemos colocar o estudante no ambiente profissional que melhor desenvolve estas competências.
Lourdes Martin
Médica e diretora executiva da área de Ciências da Saúde da Universidade Europeia