Antes da pandemia o foco das reflexões da Gestão de Pessoas estava na “Guerra do/pelo Talento” e nos desafios trazidos pela necessidade de terem um propósito atrativo, procurarem o fit das pessoas com esse propósito e usá-lo para captar os melhores recursos. No início de 2020 tudo muda, tudo se reconfigura, e nem todos estão a lidar bem com os paradoxos da atualidade.
A par dos inúmeros desafios trazidos pela pandemia a nível político económico e social, e das vicissitudes que nos obrigou a enfrentar, parece que o impacto maior e mais importante está na profunda alteração da forma de pensar a vida, o trabalho e a atitude perante este. Isto reflete-se num dos maiores paradoxos que vivemos atualmente – vemos empresas a fechar e trabalhadores a ficarem sem o seu emprego, e simultaneamente pessoas a despedir-se e a procurarem mudar. Neste início de ano (e em Portugal, porque este fenómeno já se regista há mais tempo noutros contextos, como por exemplo o norte americano), e a uma velocidade estonteante vemos, cada vez mais, pessoas a despedirem-se e abandonarem as empresas, mesmo sem ter nenhum projeto, mesmo sem terem assegurado outro posto de trabalho. O “ Big Quit” ou “The Great Resignation” estão a deixar empregadores imensamente ansiosos, sobretudo porque a “falta de mão-de-obra” começa a revelar contornos preocupantes, nomeadamente em algumas regiões e setores (registe-se que de acordo com a FORBES, no último trimestre de 2021, uma quantidade sem precedentes de trabalhadores está a sair das empresas – e este movimento vai intensificar-se e acelerar).
Excerto do artigo de opinião escrito por Isabel Moço, coordenadora e professora de Recursos Humanos na Universidade Europeia, para o jornal Human Resources Portugal. O artigo completo encontra-se aqui.