É velha a máxima de que não basta ser, é preciso parecer. Não se aplica somente à mulher do antigo Imperador Júlio César, mas a todos nós. Tanto numa interação presencial, como no online.
A mensagem é simples, muito frequentemente, formamos primeiras impressões acerca das pessoas que nos rodeiam e estamos superconfiantes acerca dessas impressões, apesar de nem sempre estarem corretas. É importante estarmos mais conscientes e alerta para este mecanismo para, por um lado, evitarmos ter comportamentos discriminatórios relativamente aos outros e, por outro lado, evitarmos cair na teia de uma primeira má impressão.
A nossa mensagem dificilmente vai passar para o outro eficazmente, se a primeira impressão que tiverem a nosso respeito for desfavorável. Por outro lado, a capacidade das pessoas para estarem atentas ao que se comunica é limitada, por isso, deve-se ter atenção especial à forma como se inicia uma comunicação em público, uma negociação, uma reunião de negócios, uma videoconferência, uma conversa como uma pessoa que acabámos de conhecer, etc.
Se estivermos mais conscientes dos ingredientes que comunicam uma boa impressão, ficamos mais livres para sermos nós próprios e nos centrarmos em contribuir, servir, acrescentar valor e fazer a diferença com autenticidade.
Por exemplo, no caso de uma entrevista de trabalho, assumimos que as decisões que se tomam acerca de um candidato são racionais e deliberadas. Infelizmente, nem sempre é assim. Um estudo demonstra que demoram escassos segundos para o entrevistador decidir acerca da competência do candidato para ocupar o cargo. E esta primeira impressão é resistente à mudança, ou seja, uma vez criada, dificilmente se altera.
Outro estudo, publicado na prestigiada revista Science, demonstra que criamos julgamentos rápidos acerca da competência dos políticos, em menos de 1 segundo.
Porque é que isto acontece?
Muito sinteticamente, a evolução da nossa espécie premiou com a sobrevivência estes julgamentos rápidos, ou seja, conseguíamos escapar do nosso predador se conseguíssemos decidir rapidamente e com base nos melhores indicadores possíveis.
O que podemos fazer então para começarmos com o pé direito?
Dica 1: utilizar uma linguagem corporal positiva. É importante começarmos a nossa comunicação com um sorriso e gestos de palma da mão para cima, que comunicam abertura e transparência. Também é relevante orientarmos todo o corpo na direção da pessoa ou da audiência como a qual estamos a comunicar, pois facilita a criação de um vínculo emocional. No caso de uma videoconferência é importante que a face esteja bem visível, a ocupar mais ou menos 1/3 do ecrã, para que o nosso sorriso e acenos de cabeça sejam visíveis pelo nosso interlocutor, que a luz seja boa e o som de qualidade.
Dica 2: começar pelo terreno comum. Tendemos a gostar especialmente das pessoas que são parecidas connosco e que tiveram experiências semelhantes. Então, antes de uma apresentação, é importante procurarmos saber quem é a nossa audiência (seja apenas uma pessoa ou vasta plateia) e perguntarmos a nós próprios que interesses ou que memórias partilhamos em comum. No online, começarmos pelo terreno comum assume uma especial importância, pois a distância física é um fator menos positivo e é necessário sermos competentes a neutralizá-la.
Dica 3: transmitir dinamismo e gerir bem o estado emocional. Quando é que captamos mais a atenção dos outros? É quando nos sentimos mais dinâmicos e otimistas ou quando estamos naqueles dias em que nem nos apetece sair de casa? Com quem nos apetece tomar um café, com uma pessoa dinâmica e com um espírito positivo ou com alguém triste e enfadonho? A resposta é simples, se pudermos escolher, a tendência é preferirmos estar próximos de pessoas activas, criativas e otimistas. Porquê? Porque a boa disposição e o dinamismo são contagiantes e são as emoções positivas que nos fazem sentir bem.
Concluindo, se queremos inspirar uma excelente primeira impressão e fazermos passar a nossa mensagem, é fundamental ancorarmos um estado emocional habilitador, aplicarmos estas dicas e partirmos para a ação.
António Sacavém
Professor auxiliar na Universidade Europeia e Professor auxiliar convidado no IPAM